Facebook Padre Luís Erlin Instagram Padre Luís Erlin

@padreluiserlin

A felicidade na pobreza de coração

Quando eu cursava a faculdade de Teologia em Curitiba, no Paraná, trabalhei durante dois anos em um albergue chamado São João Batista, administrado pelas irmãs vicentinas. Aquele lugar acolhia pessoas de várias partes do Brasil e do exterior, que buscavam nos hospitais da cidade um tratamento mais eficaz contra o câncer.

Chegavam sem conhecer ninguém, e sem recursos financeiros para se manterem por muito tempo longe de seus trabalhos, casas e familiares. O tratamento geralmente era longo, e como em sua maioria as pessoas atendidas eram muito pobres, elas não podiam viajar com frequência para suas cidades
de origem.

Meu trabalho era me aproximar das pessoas e conversar com elas; coisa simples, nada elaborado. Eu pouco falava, minha função era ouvir. Cada história era uma aula teológica para mim; confesso que em muitos casos eu chorava por dentro, pois sabia que não poderia fazer nada.

Nesse meu trabalho, eu conheci uma senhora que chegou para fazer tratamento de um câncer já adiantado, em metástase. No albergue ela estava sozinha, a família era de muito longe. O que me chamava a atenção nessa senhora, aparentemente pobre, enferma, só, era uma alegria que contagiava a todos ali hospedados. Não era um sorriso plástico, externo: era de uma sinceridade arrebatadora.

Um dia, durante a nossa conversa, eu perguntei a ela: “O que te faz rir, passando por todos esses problemas?” Ela me respondeu: “Deus nunca deixou de sorrir para mim, eu só retribuo”. 

Aparentemente pobre, enferma, só... Aparentemente. Os pobres de coração são felizes, pois encontraram sua riqueza em Deus.


(Este artigo é uma adaptação de um trecho do livro 8 Caminhos para a felicidade – As bem-aventuranças – de autoria do Pe. Luís Erlin)

SENHOR Originalmente publicado o editorial da revista Ave Maria, edição de agosto de 2015 2020