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@padreluiserlin

A Linguagem do Coração

As pessoas que me conhecem sabe que eu gosto muito de cinema, sem titubear confesso que é uma grande paixão. Nas salas de cinema já tive verdadeira experiências espirituais por meio de histórias magníficas que me fizeram pensar na vidam, no meu relacionamento com os demais, na minha vocação, na dor, na alegria... Enfim, perceber-me vivo. 

O filme mais recente que assisti tirou-me do eixo, ou colocou-me nele. Trata-se do belo A linguagem do coração. Um filme francês, de 2014, dirigido por Jean-Pierre Améris. 

A história é ambientada no final do século XIX em uma localidade rural da França. A narrativa é baseada em fatos reais. Uma jovem cega, surda e muda de nascença chamada Marie é incapaz de se comunicar como mundo. Seus pais, apesar de todo o amor, não conseguiam educar a menina, que cresce como um animal. 

Aos 14 ano, a jovem é cevada a um instituto de freiras que acolhiam meninas com deficiência auditiva, Porém, Marie não era somente surda, era também cega... Um grande desafio que as irmãs da casa de acolhida a princípio renegaram. 

Vivia nesse orfanato uma irmã com a saúde fragilizada, esperando a morte chegar a qualquer momento. Ela se compadece da menina e se propõe a educá-la como meta de vida. O filme retrata com maestria a perseverança da religiosa... E a história segue... 

É impossível assistir ao filme e não se perguntar sobre os nossos ideais de vida: vivemos para quê? Qual o sentido de estarmos vivos?

Se é o amor que rege as nossas vidas, então não desistimos do outro. Fico pensando em quantas pessoas ficaram às margens da nossa estrada da vida pelo simples fato de que não tivemos paciência com elas... E talvez fossem elas que fariam a nossa alma assemelhar-se ao Espírito do Pai Misericordioso. Talvez fossem elas que nos dariam a verdadeira alegria de estarmos vivos. Mas... ficaram na “periferia” de nossa existência, pois tivemos medo delas. 

A irmã nos seus últimos dias de vida descobre sua missão e sua vida.

O filme é indispensável neste Ano da Misericórdia. 

                                                                 Artigo publicado originalmente na edição de maio de 2016 da Revista Ave Maria