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@padreluiserlin

É possível amar sem gostar de alguém?

Certo dia, uma pessoa me disse: “Se fulano de tal mudasse de atitude, eu iria amá-lo mais”. Porém, nos esquecemos de que o amor não é condicionado: ou se ama ou não se ama. Podemos demonstrar amor de formas diferentes, mas não existe maior ou menor. Amor é amor, e não há como discutir isso. 

O que acontece é que gostamos de algumas pessoas, mas não as amamos. Gostar não exige entrega nem sacrifício. Da mesma forma como eu gosto de alguém, eu gosto de sorvete de chocolate, da cor verde, de assistir filmes de um determinado diretor, e assim em diante. Posso gostar e desgostar ao compasso do vento. Se compro um livro e imagino que irei gostar da história, mas nas primeiras páginas me decepciono e então o guardo na história, mas nas primeiras páginas me decepciono e então o guardo na estante por tempo indeterminado, isso é gosto, não é amor. 

Convivemos com algumas pessoas por dias, meses, e até anos, sem amá-las. Essa cruz é pesada demais! Em outros casos, amamos, queremos bem, mas é impossível, por diversos motivos, o convívio diário. 

No entanto, é possível amar sem gostar de alguém. Parece contraditório, mas na realidade, não é. 

Muitas vezes, não gostamos de certas atitudes, gestos, decisões tomadas, gestos, decisões tomadas por determinadas pessoas, mas as amamos; tal situação é comum no ambiente familiar.

Nesses casos, ao sinal de qualquer necessidade ou urgência, estamos prontos para ajudar, nos preocupamos, sofremos com a dor pela qual a pessoa esteja passando. Da mesma forma, muitas pessoas que não gostam de nós podem ter nos ajudado nos momentos em que mais precisamos. Não gostam de nós, mas nos amam. 

Jesus, no Evangelho, não pede aos seus discípulos que gostem das pessoas; ele pede amor. Amar ao ponto de dar a vida, assim como Ele fez. 

Aprendemos com Jesus que amor não é um simples sentimento: é uma atitude, um exercício de entrega. É despojamento de si, aniquilamento. Não amamos alguém para que essa pessoa nos faça feliz. Se amamos esperando uma retribuição, então o sentimento não passa de egoísmo. 

Quando amamos, desejamos que o outro seja feliz. Amar é viver no outro, e a felicidade do outro é a nossa felicidade. 
  

Pe. Luis Erlin, cmf 

Artigo publicado originalmente na seção “Testemunho de Vida” da Revista Ave Maria, edição de julho de 2012