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@padreluiserlin

Falar ou silenciar?

Falei o que não devia! ... Não podia ter dito aquilo! ... Com certeza, todos nós já falamos ou pensamos algo assim, ao arrepender-nos de algo que dissemos. 

Não existe uma regra, uma cartilha para todas as circunstâncias. Seria mais fácil se fosse assim. Agimos por impulso, e é justamente esse ato involuntário, sem pensar, a razão da maioria dos nossos sentimentos de culpa. 

As palavras podem ser arma que fere ou até “mata” quem nos irritou ou ofendeu. Porém, o gosto amargo da “pólvora”, desferida contra o outro, costuma amargar nossa própria alma.

Diante de uma ofensa, nossa primeira reação é a de nos defender. Tentamos argumentar, provar que o outro está errado... e geralmente nos arrependemos quando nossas palavras são agressivas. Assim, será que a melhor defesa é mesmo o ataque? 

Lembro-me de uma história que li anos atrás sobre uma senhora julgada por um crime que não havia cometido. No tribunal, para surpresa de todos, ela ficara calada enquanto todo tipo de mentira era desferida contra ela. Serenamente, ouvira cada falso testemunho. 

Quando o juiz, enfim, lhe deu a palavra, a acusada diz: “Eu não dei o direito a nenhum de vocês de me julgarem, condenarem e mentirem contra mim. Por isso, eu me dou o direito de não me defender de algo que não cometi”. 

A princípio fiquei inconformado com a reação daquela senhora. Porém, depois percebi o quanto ela foi digna, pois, sabendo interiormente de sua inocência, isso lhe bastava. Ela vencera o inimigo da vaidade (“o que eles estão pensando de mim”) com a certeza da verdade (“minha consciência me é suficiente”). 

Elogiamos as atitudes de Jesus, tentamos até imitá-lo, mas, se alguém insinua algo contra nós, a “Terceira Guerra Mundial” começa. Em seu julgamento diante de Pilatos, Jesus não buscou se defender, ele sabia a verdade: “É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” ( Jo 18,37). Na hora da morte, Jesus dá testemunho da verdade com o silêncio. Somente ouvem a sua voz aqueles que são da verdade. 

A verdade não exige a voz o discurso para ser anunciada; o silêncio também faz ouvir. O silêncio é capaz de confundir os que acusam, os que afrontam e os que irritam. Nesse caso, silêncio é fruto da maturidade, tantas vezes distante de nós. 

A maturidade está em saber a hora de falar, de gritar e de silenciar. Nem tudo pode se resolver com a força de nossa voz. Nem tudo pode se resolver com nosso silêncio, configurando às vezes omissão, que está longe de ser uma atitude madura. 

Falar ou silenciar? O livro do Eclesiástico nos responde: “O sábio permanece em silêncio até o momento oportuno, mas o leviano e imprudente não espera a ocasião” (20,7).


Dica de leitura

O livro Olhai os lírios do campo: nada perturbe o vosso coração, de Luís Erlin (Editora Ave-Maria) é uma obra que ilumina seu o coração, por meio de orientações preciosas para viver a vida com mais equilíbrio e maturidade.


Pe. Luís Erlin, cmf 

Artigo publicado originalmente na seção “Testemunho de Vida” da Revista Ave Maria, edição de agosto de 2011