No tempo em que vivemos, é difícil decidir o caminho a seguir. Ir por aqui ou por ali?
São tantas as opções, são muitas as possibilidades. Alguns especialistas em sociologia chegam a afirmar que vivemos na época do descartável. Assim, tudo é relativo, não tem valor que dure. Se não me serve, eu descarto, me livro do fardo. Troco de ideologia, de religião, de orientação, assim como troco de roupas.
Um programa televisivo que retrata muito bem nossa época é o Big Brother. Dou uma olhada e, baseado em meus princípios ou influenciado por alguém, determino quem presta e quem não presta, quem deve continuar entrando em minha casa e quem será proibido.
Tentamos eliminar da história os que não foram assimilados por nossos gostos. Mobilizamos-nos para eliminar os indesejados, fazemos festa quando alguém é descartado. Mas embora pareça, a vida não é um Big Brother. Por mais que tentemos nos “livrar” de determinadas pessoas, elas nunca desaparecerão totalmente. Existem vínculos que perduram e nos acompanharão até o final de nossa vida, queiramos ou não.
Não deixemos que nossa eterna insatisfação nos faça acreditar que basta distanciamento para que os problemas se resolvam. Isso é ilusão! Embora possa parecer que tenhamos nos livrado de um problema a princípio, decisões tomadas no impulso sempre trazem consequências. Porém, a maioria dos problemas não se resolve simplesmente apagando as pessoas de nossa vida, mudando a roupa, trocando de religião, pintando o cabelo. É necessário discernimento, reflexão. Mas parece que somos impedidos de pensar ou de sofrer por uma causa, um ideal. Acabamos sendo tão volúveis como aquelas socialites que têm 300 pares de sapatos para apenas dois pés.
Muitas pessoas agem como se a verdadeira mensagem de Jesus fosse antiquada demais ao nosso tempo: apenas sublinham no Evangelho as passagens que mais gostam e descartam o resto.
Tomar a cruz e seguir; perdoar quem ofendeu; amar o inimigo; ser perseguido por causa da fé; perseverar até o fim; dar a outra face; subir a Jerusalém; ser humilde. Para quem não acredita nesses preceitos, o Jesus do Evangelho estava no paredão e já foi eliminado. Em seu lugar, com o mesmo nome de Jesus, foi escolhido um novo líder. Alguém mais light, com 0 % de compromisso.
Pe. Luis Erlin, cmf
Artigo publicado originalmente na seção “Testemunho de Vida” da Revista Ave Maria, edição de agosto de 2012
