Após a dor da cruz, a Mãe permanece em pé, cheia de esperança, pois ela sabia que a história não terminaria daquela maneira.
Maria, apoiada na força do Espírito que a fecundou, espera que esse mesmo Espírito recrie a comunidade esfacelada pela dor. No centro dessa comunidade, está um coração que não se deixa vencer pela falta de perspectiva, pelo desânimo nem pela desilusão.
Toda a criação encontra nos olhos atentos de Maria o carinho de mãe
O Coração de Maria congrega, une os discípulos na oração, no ardente desejo de não ficarem com o gosto amargo da morte na boca. Ela sabe que o Plano de Deus ainda não tinha se consumado por inteiro: faltava o essencial, a viva esperança da certeza que Jesus não estava no túmulo, mas havia ressuscitado, como prometera.
A missão de Maria não se encerra na cruz de Jesus, pois, diante do filho quase morto e de João, o discípulo amado representando toda a Igreja, Maria da à luz a humanidade toda: “Eis aí o teu filho”. Maria compreende que, naquele momento, sua missão era perpétua, pois todo o gênero humano estava em seu seio. Passado, presente e futuro; toda a criação encontra nos olhos atentos de Maria o carinho de mãe.
Qualquer missão que realizamos em nome de Jesus, se não tiver o aval, a proteção daquela que o próprio Jesus escolheu para estar à frente da Igreja, militante e celeste, não vingará. A comunidade primitiva dos apóstolos expandiu seus horizontes, abriu-se ao Espírito, graças ao testemunho, presença e oração de Maria. Ela era e é o referencial de que, para Deus, nada é impossível.
Santo Antônio Maria Claret dizia que o missionário, antes de ser enviado, deveria ser formado no Coração de Maria. O Coração da Mãe, segundo ele, é como a casa de um ferreiro: por mais duro e sem forma que sejamos, o fogo do Espírito nos torna moldáveis. No Coração de Maria, ganhamos forma agradável a Deus, e de lá somos enviados.
Foi justamente essa a experiência dos discípulos no cenáculo. Antes de a comunidade receber o Espírito, o fogo abrasador desse mesmo Espírito já se fazia sentir com a presença de Maria no meio deles. Eles estavam unidos em torno do Coração que latejava de amor pela humanidade. Unidos em torno de Maria, mãe da missão.
Originalmente publicado o editorial da revista Ave Maria, edição de outubro de 2012
