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O Bom Pastor e as mães

  1. Nada nem ninguém tira a atenção e o foco daquele que zela: seus olhos, seu coração, sua alma, sua vida inteira; enfim, todo seu ser é voltado inteiramente ao rebanho. Durante o dia caminha em busca de boa pastagem, de água, de sombra. 

  2. À noite, vela; ao menor ruído suspeito, está de pé. Não reclama do cansaço nem pede que outros o substituam. Não é por falta de confiança no trabalho alheio, mas pelo conhecimento pleno de sua função, de seu papel. 

  3. Não há como separar o pastor de suas ovelhas; elas estão fora dele, mas também existem concretamente dentro dele. 

  4. Quem nunca experimentou o que é o amor jamais compreenderá o que sente o Bom Pastor. E ainda que nosso amor seja limitado, condicionado e muitas vezes egoísta, mesmo assim temos uma noção do que é amar de verdade. Imagine então o amor daquele que é o próprio Amor. 

  5. O mercenário, aquele que ¬ finge amor e cuidado, não tem consistência para expor sua vida na defesa do que julga amar. Quando o lobo se aproxima, o falso pastor que dormia na calada da noite desperta em meio aos berros das ovelhas e num impulso corre, instintivamente, não em direção às ovelhas, mas para salvar sua própria vida. 

  6. O instinto do verdadeiro amor é se jogar na frente da ovelha para que o lobo estraçalhe a ele e nunca a razão de sua existência. 

  7. O Bom Pastor conhece suas ovelhas; palavras são desnecessárias para que aconteça um verdadeiro diálogo. Quando se ama, a alma de um e de outro conversam, mesmo que a boca permaneça fechada. 

  8. Não há mais o, “isto é, meu” ou o, “isto é, teu”; “este sou eu” ou “este é você”. Existe um só corpo e uma só alma, um matrimônio indissolúvel. O Bom Pastor contraiu vínculos eternos conosco, suas ovelhas. 

  9. E mesmo que desejemos fugir, como aquela ovelha que se perdeu, seu amor não se transforma em ódio ou desprezo; pelo contrário, seu amor beira à loucura, a ponto de vagar errante em busca do tesouro perdido. 

  10. Não se cansa, não desiste, tem sempre esperança de que talvez atrás daquela montanha a ovelhinha esteja ali, esperando ser resgatada. 

  11. De fato, creio eu que, para nós, seres humanos um tanto quanto egoístas, seja difícil mensurar a dimensão desse amor sem limites e suas consequências. Porém, um amor conhecido por nós beira quase a perfeição: o amor de mãe nos faz ter uma ideia do que seja o amor de Deus por nós, manifestado por Cristo.



Pe. Luis Erlin, cmf 


Artigo publicado originalmente na\r\nseção “Testemunho de Vida” da Revista Ave Maria, edição de abril de 2012