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Qual é o preço do seu TEMPO?

Não gosto muito de ficção científica, mas confesso que ao ler a sinopse do filme O preço do amanhã (In Time, 2011 - USA) fiquei muito interessado nele por seu pano de fundo filosófico. O enredo me fez pensar sobre o significado do tempo, de modo especial, em minha vida.

Na ficção, os cientistas conseguiram destruir por completo o gene que faz com que envelheçamos. Quando a pessoa chega aos 25 anos, ela para de envelhecer e recebe (de graça) mais um ano de vida. Para continuar vivendo é preciso comprar o tempo. Não existe mais dinheiro, a moeda de troca é o tempo de cada um. A pessoa trabalha para receber mais algumas horas de vida. Todas as despesas, como moradia, alimentação e transporte são debitadas do cronômetro, em luz verde fosforescente, impresso no pulso de todos os habitantes da Terra. O cronômetro funciona como se fosse um cartão de crédito. 

Porém, o fato mais interessante do filme é a grande divisão de classes. De um lado estão os pobres, vivendo em guetos, contando os segundos que faltam para morrer. Do outro lado, e devidamente separados, estão os ricos, que podem viver eternamente graças à exploração do tempo alheio.

É impossível assistir ao filme e não fazer duas análises. A primeira é a semelhança com a nossa realidade social, na qual os pobres estão mais expostos à morte prematura por falta de atendimento digno, seja pela ineficiência do sistema público, seja pela demora no atendimento. Em muitos casos, as doenças só são diagnosticadas quando os pacientes já estão em fase terminal. 

Os pobres, também, perdem grande parte do seu dia, sobretudo em cidades grandes, tentando se locomover em um transporte público caótico. As moradias são de risco e a alimentação é insuficiente ou inadequada. Essas pessoas trabalham e trabalham para, no fim, favorecer a vida de seus ricos patrões. Vive mais quem tem mais dinheiro, se não fisicamente falando, em qualidade de vida. 

O filme desperta também outra reflexão: como gastamos nosso tempo. Não temos um cronômetro no pulso, mas é incontestável que o tempo está passando, e, com ele, nossa vida. Programar-se, olhar para o futuro, deixar de lado tantas coisas fúteis que nos impedem de viver bem, pode ser a garantia de uma vida feliz. Não importa tanto a quantidade de anos que vivamos, mas a imensa satisfação de ter vivido, amado e gastado a vida com aquilo que verdadeiramente importa: “Porque aquele que quiser salvar sua vida irá perdê-la; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa irá recobrá-la. ” (Mateus 16,25) 

Qual é o preço do seu tempo?




Pe. Luís Erlin, cmf 

Artigo publicado originalmente na seção “Testemunho de Vida” da Revista Ave Maria, edição de janeiro de 2012